quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Serpente de bronze levantada


A Serpente de bronze levantada

Nº 1500
Sermão pregado na manhã de domingo de 19 de Outubro de 1879,
por Charles Haddon Spurgeon,
no Tabernáculo Metropolitano, Newington.

 “E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.” (Nm 21:9)
Este sermão, quando impresso, será o número 1500 dos que têm sido publicados com regularidade, semana após semana. Esse é um feito extraordinário. Não conheço nenhum outro caso em que 1500 sermões tenham sido impressos e tenham conseguido atrair um grande número de leitores. Desejo expressar meu profundo agradecimento a Deus por sua Divina ajuda em conceber e expressar esses sermões, que não foram somente impressos, mas lidos com avidez e também traduzidos para outras línguas. Eles são lidos publicamente, neste mesmo domingo, e em centenas de outros lugares onde não se tem um ministro. Esses sermões são benção para conversão de muitas almas.
Posso – e devo – regozijar-me por essa grande benção, pois a atribuo, de todo coração, à graça do Senhor! Pensei que a melhor forma de demonstrar meu agradecimento seria pregar Jesus Cristo, de novo, e apresentar um Evangelho claro como a alfabetização de uma criança. Espero que ao completar a lista de 1500 sermões o Senhor me dê uma palavra muito mais abençoada que qualquer uma que as tenha precedido, para conversão de quem ouvi-la e lê-la. Que os que presidem na escuridão por não entenderem a liberdade da salvação e o método fácil pelo qual ela é obtida, sejam levados à luz pela descoberta do caminho de paz através da fé em Jesus. Perdoe-me por essa introdução: meu agradecimento não poderia me abster disso.
Com respeito ao nosso texto e a serpente de metal, se nos voltarmos ao Evangelho de João, notaremos que em seu início há uma espécie de lista ordenada de servos tirados da Santa Escritura. Isso começa com a criação. Deus disse: “Haja luz” e João diz que Jesus, o Verbo eterno, é “a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo”. Antes de terminar seu primeiro capítulo, João introduziu um modelo fornecido por Abel, pois quando [João] Batista viu Jesus chegando-se a ele, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Nem é terminado esse capítulo e nos lembramos da escada de Jacó, descobrimos que o Senhor a explica a Natanael: “Na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (Jo 1:51).
Chegando ao terceiro capítulo, chegamos tão longe quanto Israel no deserto e lemos as jubilosas palavras: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:14,15). Falaremos desse ato de Moisés esta manhã, para que possamos observar a serpente e encontrar a promessa verdadeira, “aquele que for mordido, olhando para a serpente de metal, viverá”.
Pode ser que em você que já tenha olhado alguma vez, produza um benefício renovado, enquanto alguns que nunca o fizeram podem contemplar o Salvador erguido e, nesta manhã, podem ser salvos do veneno da serpente, desse veneno mortal de pecado que agora se infiltra em sua natureza e gera a morte de suas almas. Que o Senhor possa fazer essa palavra eficaz para seu misericordioso fim!

I. Convido você a considerar o assinto, primeiramente, olhando a PESSOA EM PERIGO MORTAL, para qual a serpente de metal foi feita e erguida. Nosso texto diz: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia” (Nm 21:9). Notemos que as serpentes venenosas, antes de tudo, chegaram até o meio do povo porque eles haviam desprezado o caminho e o pão de Deus. “O povo ficava cada vez mais desencorajado por causa do caminho” (-). Esse era o caminho de Deus – Ele o havia escolhido para eles e Ele havia escolhido em sabedoria e misericórdia – porém eles murmuravam disso.
Como dizia um velho teólogo: “era solitário e detestável”, mas ainda assim era o caminho de Deus, então não foi detestável – Sua coluna de fogo e sua nuvem foi adiante deles e de seus servos, Moisés e Arão os guiaram como um rebanho – eles os devem ter seguido alegremente. Cada passo de sua jornada fora guiado com retidão, também. Mas não, eles desprezaram o caminho de Deus e quiseram seguir seus próprios caminhos. Essa é uma das maiores idiotices do homem- não se
contentar em esperar o caminho do Senhor e prosseguir nele – preferir um desejo e um caminho próprio.
O povo ainda reclamou do alimento que Deus proveu. Ele os deu a melhor parte, pois “o homem comeu comida dos anjos’’ (Sl 78:25), mas se referiram ao maná como um título ultrajante, que para os hebreus tem um ar de ‘ridículo’, e até na nossa tradução conduz à uma idéia de desprezo. Disseram: “e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil” (Nm 21:5), achando eles que era uma comida não substancial e que só serviria para inchá-los, já que era de fácil digestão e não produziria neles o aquecimento e a tendência de se procriar doenças (o que uma dieta mais pesada produziria). Descontentes com seu Deus, eles reclamaram do pão que Ele colocou em suas mesas, que sobrepujava qualquer outro alimento que um homem já havia comido antes ou depois.
Outra tolice do homem- ele se recusa a se alimentar da Palavra de Deus e de acreditar na Verdade. O homem deseja o alimento pecaminoso da razão carnal, o alho das tradições supersticiosas e o pepino da especulação! Ele não pode se humilhar e acreditar na Palavra de Deus ou aceitar uma Verdade tão simples, tão adequada à capacidade de uma criança. Muitos exigem algo mais fundo que o Divino, mais profundo que o infinito, mais liberal que a Graça. Eles discutem com o caminho e o pão de Deus e, então, as serpentes venenosas de luxúria, orgulho e pecado se achegam até eles.
Talvez eu esteja falando com alguns que, até esse momento, que relutam contra os preceitos e doutrinas do Senhor e eu, carinhosamente, os informaria que essa desobediência e presunção os irão conduzir ao pecado e sofrimento. Rebeldes contra Deus estão aptos a tornar-se cada vez pior. As modas e maneiras do mundo pensar o conduzem ao vício e crimes. Se desejarmos os frutos do Egito, em breve sentiremos as serpentes do Egito! A conseqüência natural de tornar-se contra Deus como serpentes, é encontrar serpentes surpreendendo nosso caminho. Se abandonarmos o Senhor em espírito, ou em doutrina, as tentações irão nos espreitar e o pecado nos picará.
Eu lhe peço que observe cuidadosamente que aquelas pessoas para quem a serpente foi erguida já haviam sido mordidas pelas serpentes. O Senhor mandou serpentes venenosas, mas não foram as serpentes no meio deles que envolveu o erguimento da serpente de bronze- foi o fato delas terem envenenado o povo, o que exigiu a provisão de um remédio: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.” (Nm 21:9). As únicas pessoas que olharam e provaram do benefício dessa maravilhosa cura levantada no meio do acampamento foram as que haviam sido picadas pelas víboras.
A noção comum é que salvação é para as pessoas boas, as que lutam contra as tentações e para os que estão espiritualmente sadios. Mas como é diferente da Palavra de Deus! O remédio de Deus é para os doentes e Sua cura é para os necessitados! A Graça de Deus, através da Expiação de nosso Senhor Jesus Cristo, é para quem é real e seriamente culpado. Não pregamos uma salvação sentimental, de uma culpa inconcebível, mas perdão real e verdadeiro para ofensas reais! Não ligo para falsos pecadores- você que nunca fez nada errado, você que é tão bom que está sempre certo, eu te deixo- pois eu prego para os que estão cheios de pecados e são dignos da ira eterna!
A serpente de bronze era um remédio para os que haviam sido picados. Que terrível coisa ser picado por uma serpente! Eu ouso dizer que alguns de vocês lembram o caso de Gurling, um dos guardadores de répteis do Zoological Gardens. Aconteceu em outubro de 1852, então alguns de vocês lembrarão isso. Esse triste homem acabava de se despedir de um amigo que iria à Austrália e, de acordo com muitos, ele tomou uns drinks com seu amigo. Bebeu quantias consideráveis de gim e ficaria aborrecido se alguém o chamasse bêbado, embora razão e senso comum tenham vencido.
Ele voltou para seu posto embriagado. Ele havia visto alguns meses antes, uma exibição de encantamento de serpentes, o que ainda permanecia em sua pobre e bagunçada mente. Ele seguiu os passos dos egípcios e começou a brincar com as serpentes! Primeiro ele tirou uma serpente de Marrocos da jaula, colocou ao redor de seu pescoço e a enroscou e permitiu que ela rodeasse seu corpo. Felizmente, pra ele, o assistente gritou para ele: ‘pelo amor de Deus! Coloque a cora em seu lugar!’, porém o tolo homem respondeu: ‘estou inspirado’.
Essa serpente mortal estava de alguma maneira, entorpecida pelo calor da noite anterior, então o homem imprudente a colocou em seu peito até ela despertar e deslizar-se até chegar à parte detrás de seu colete. Ele a pegou pelo corpo, com um pé de distância da cabeça, e com a outra mão aí a agarrou um pouco mais abaixo (tentando sustentá-la pela cauda) para fazê-la girar por sua cabeça. Sustentou-a por instante contra seu rosto e, como um raio, a serpente o picou entre seus olhos. O sangue começou a escorrer por sua face e pediu por socorro, mas seu companheiro fugiu horrorizado!
Como declarou ao júri, não sabia por quanto tempo ficou ausente, pois estava perplexo. Quando assistência chegou, Gurling estava sentado em uma cadeira e com a serpente devolvida a seu lugar. Ele disse: ’sou um homem morto’. Puseram-no em um táxi o levaram ao hospital. Primeiramente, não consegui falar- somente apontava para sua garganta e gemia. Depois, sua visão falhou e por último sua audição. Sua pulsação foi caindo gradualmente e uma hora depois da fatalidade, ele era um cadáver. Havia apenas uma pequena marca em seu nariz, mas o veneno se espalhou por seu corpo e ele era um homem morto.
Conto-lhe essa história, pois você poderá usá-las como uma parábola e aprender a nunca brincar com pecado e também para mostrar-lhe vividamente o que é ser mordido por uma serpente. Suponha que Gurling pudesse ter sido curado ao olhar um pedaço de metal- isso não seria uma ótima notícia para ele? Não houve nenhum remédio para essa pobre criatura encantada, mas há um remédio pra você! Par os homens que foram picados por essa serpente brilhante do pecado: Jesus é erguido- não só para você que brinca com a serpente, não só para você que a colocou em seu peito e a viu escorregar por sua carne- mas para você que está realmente picado e mortalmente ferido! Se algum homem for picado e chegue a ponto de ficar doente com o pecado e sentir o veneno mortal em seu sangue, isso é pra ele que Jesus é apresentado hoje. Apesar de ele pensar que é um caso extremo, é para esses que a Graça Soberana de Deus é um remédio!
A picada da serpente foi dolorida. Nesse texto, é dito que as serpentes são ‘ardentes’, uma palavra que se refere à sua cor, entretanto mais provavelmente faz referência aos efeitos destrutivos de seu veneno. Ele aquece e inflama o sangue em tão cada veia se torna um rio em ebulição, crescendo com aflição. Em algumas pessoas que o veneno de víboras que chamamos de pecado inflamou suas mentes. Eles estão sem descanso, descontentes e cheios de medo e angústias. Eles escrevem sua própria condenação- eles têm certeza que estão perdidos- recusam todas as notícias de ajuda. Não se pode esperar que prestem uma atenção calma e sóbria à mensagem da Graça. O pecado os atemoriza tanto que se rendem como homens mortos. Eles estão em sua apreensão, como Davi diz: “Livre entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais Te não lembras mais” (Sl 88:5).
Para os homens picados pela serpente ardente que a serpente de bronze foi erguida e é para os homens realmente envenenados pelo pecado que Jesus é pregado. Jesus morreu por aqueles que estão completamente desesperados- por aqueles que não podem pensar retamente, por aqueles que sua mente é sacudida de cima a baixo, por quem já está condenado- por esses o Filho do Homem foi erguido na cruz! Que coisa maravilhosa que podemos te falar hoje. A picada dessas serpentes, eu já disse, era mortal. Os Israelitas não tiveram dúvidas sobre isso, porque em sua presença, “muitas pessoas de Israel morreram”. Eles viram muitos de seus amigos morrerem da picada das serpentes e ajudaram a enterrá-los. Eles sabiam por que os outros estavam morrendo e tinham certeza que era por causa do veneno das serpentes ardentes que estava em suas veias. Não tinham nenhuma desculpa para imaginarem que seriam mordidos e, ainda sim, viveriam.
Agora sabemos que muito pereceram como resultado do pecado. Não temos dúvidas do que o pecado pode fazer, pois a Palavra Infalível nos ensina que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), e ainda, “o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tg 1:15). Também sabemos que essa morte é o sofrimento sem fim, para qual a Escritura descreve quando os perdidos são jogados em profunda treva, “porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará” (Is 66:24). Nosso Senhor Jesus nos fala dos condenados que irão para o juízo eterno, onde haverá choro, gemidos e ranger de dentes. Não devemos ter nenhuma dúvida quanto a isso! Mas os que dizem duvidar disso são os que temem que isso seja para eles- eles sabem que irão para a eterna desgraça, então, eles fecham os olhos para fingir não ver sua inevitável maldição.
Ah, que terrível é que encontrem lisonjeadores nos púlpitos que estimulam seu amor pelo pecado e tocam a mesma melodia. Nós não somos dessa classe. Acreditamos no que o Senhor falou em sua toda sua solenidade de temor, e, conhecendo o temor do Senhor, nós persuadimos os homens a escapar disso. Mas isso é para quem sofreu a picada mortal, para sobre cujos rostos pálidos a morte começava a por seu selo, para os homens cujas veias estavam ardendo por dentro – para eles era o que Deus falou a Moisés: “Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela” (Nm 21:8).
Não há nenhum limite para a etapa do envenenamento. Não importava quanto tempo tivesse passado o remédio ainda fazia efeito! Se uma pessoa fosse mordida instantes antes e só visse algumas gotas brotando, e só tivesse sentindo uma pequena dor, ela olhava a serpente e vivia! E se, infelizmente, tivesse esperado, por meia hora, com a voz começando a falhar e sua pulsação caindo, se ele somente conseguisse olhar para a serpente, viveria! Não se estabeleceu nenhum limite para o poder desse remédio Divino ou para a liberdade de sua aplicação para os que necessitavam. A promessa não tinha nenhuma clausula condicional: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.”.
Em nosso texto vemos que promessa de Deus acontecia em todo caso, sem exceção, onde lemos: “picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.”. Assim, então, descrevi a pessoa que se encontrava em perigo mortal.
II. Segundo: vamos considerar o REMÉDIO PROVIDO PARA ESSA PESSOA. Ele foi único e eficaz. Era puramente de origem divina e é claro que sua invenção e o poder que tinha nele era inteiramente de Deus. Homens prescreveram muitos remédios, decocções e operações para a picada de serpente – não sei de que tanto de depende deles, mas sei isso: preferiria não ser mordido para não ter que provar de nenhum deles, incluindo os que estão em moda!
Para as mordidas das serpentes ardentes no deserto não havia qualquer remédio que fosse exceto o que Deus havia mandado, e à primeira vista, era um remédio bem incomum. Uma simples olhada para uma serpente numa haste? Que improvável que funcione! Como e por que meios poderia a cura efetuar-se somente olhando para uma serpente? Isso parecia, de fato, ser brincadeira o fato de a pessoa olhar para o objeto que causou sua desgraça. Acaso se poderia curar uma picada de serpente olhando para uma delas? Acaso o que traz morte pode trazer vida? Mas nisto estava a excelência do remédio, que era de origem divina, pois quando Deus ordena uma cura, está obrigado que haja poder nela. Ele não conceberá uma falha, nem mandará uma zombaria! Seria suficiente para nós saber que Deus ordena uma benção, pois Ele ordena, ela obterá o resultado prometido.
Não necessitamos saber como funcionará, é suficiente para nós que a Graça poderosa de Deus está comprometida em trazer bem para nossas almas. Esse particular remédio da serpente erguida numa haste foi sumamente instrutivo, apesar de achar que Israel não entendeu isso. Temos sido instruídos pelo nosso Senhor e sabemos seu significado. Era uma serpente imobilizada em uma haste. Como se pegaria um dardo e o lançaria contra a cabeça da serpente para matá-la, essa serpente também era exibida como morta e colocada em exibição na frente de todos. Era a imagem de uma serpente morta. Maior das maravilhas é nosso Senhor Jesus rebaixado, simbolizado como uma serpente morta!
A instrução para nós, após ler o Evangelho de João, é: nosso Senhor Jesus, em infinita humilhação, se dignou vir ao mundo e aceitou ser maldição por nós. A serpente de bronze não tem veneno, em si, mas tomou a forma de uma serpente venenosa. Cristo não é nenhum pecador e n’Ele não há nenhum pecado. A serpente de bronze tinha a forma de uma serpente, assim como Jesus fora enviado por Deus “em semelhança da carne do pecado” (Rm 8:3). Ele veio debaixo da Lei e o pecado o fora imputado, então ele veio debaixo da ira e maldição de Deus pelos nossos pecados. Em Jesus Cristo, se você olhar para a cruz verá que o pecado está morto e pendurado como um serpente morta- também ali a morte é abolida, pois “aboliu a morte, e trouxe à luz a vida” (II Tm 1:10)- e ali também a maldição é cancelada para sempre devido ao que suportou, sendo “maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3:13).Assim essas serpentes são penduradas como espetáculo para todos os espectadores, todas mortas pelo agonizante Senhor. O pecado, a maldição e a morte são, agora, como serpentes mortas!
Oh, que espetáculo! Se pudesse ver isso, que regozijo seria! Ah, se os hebreus tivessem entendido isso, que uma serpente pendurada numa haste teria sido uma profecia do glorioso quadro que nossa fé contempla hoje: Jesus imolado e o pecado, a morte e o inferno mortos n’Ele! O remédio, então, para ser olhado era sumamente instrutivo e sabemos que a instrução pretendia nos convencer.
Por favor, lembre-se que em todo acampamento de Israel havia somente um remédio para a mordida de serpente, que era a serpente de bronze- e só havia UMA serpente de bronze, não duas. Israel não faria outra, pois se a tivessem feito, ela não teria nenhuma utilidade medicinal. Havia uma, somente uma, que fora levantada bem no meio do acampamento, assim qualquer homem picado por uma serpente poderia olhar pra ela e viver.
Há um só Salvador. Somente um! Não há outro nome debaixo do Céu pelo qual podemos obter Salvação. Toda a Graça está concentrada em Jesus, de quem lemos: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” (Cl 1:19). Cristo suportou a maldição e acabou com ela. Cristo foi picado por uma serpente em seu calcanhar, mas pisou em sua cabeça e a destruiu: é para esse Cristo unicamente que devemos olhar se quisermos viver. Oh, pecador, olhe para Jesus na cruz, Ele que é o único remédio para qualquer ferida do veneno do pecado!
Havia somente uma serpente que curava naquela época, e ela era brilhante e lustrosa. Era uma serpente de bronze, e bronze é um metal brilhoso. Tratava-se de um bronze recém forjado, então não estava embaçado e sempre que o sol batia nela, brilhava, resplandecia. Podia ter sido uma serpente de madeira ou qualquer outro material que Deus poderia ter mandado, mas Ele mandou que fosse de bronze, para que fosse rodeada de brilho.
Que brilho há ao redor de nosso Senhor Jesus Cristo! Se simplesmente o expusermos em Seu metal verdadeiro, ele será visto pelos olhos humanos. Se pregarmos o Evangelho somente, sem nos preocuparmos em o adornarmos com nossas filosofias, haverá brilho suficiente em Cristo para que ele alcance os pecadores: sim, Ele captura milhares de pessoas! O Evangelho eterno resplandece a Pessoa de Cristo. Assim como a base da serpente refletia os raios de sol, Jesus reflete o amor de Deus os pecadores, e eles, vendo isso, olham pela fé e vivem!
Mais uma vez, esse remédio era duradouro. Era uma serpente de bronze e creio que ela permaneceu no meio do acampamento desde aquele dia. Não havia mais utilidade depois que o povo entrou em Canaã, porém enquanto estavam no deserto, provavelmente ela era mostrada no centro, perto da porta do Tabernáculo sobre uma base elevada. Elevada e aberta para a contemplação de todos, pendia a imagem de serpente morta: a perpétua cura para o veneno de serpente! Se tivesse sido feita de outros materiais, teria quebrado ou caído… Mas o bronze duraria o tempo em que as serpentes brilhantes fossem pragas no deserto. Quando um homem fosse picado, ali haveria uma serpente de bronze para curá-lo.
Que reconfortante saber que Jesus ainda salve o pior dos pecadores que, por meio d’Ele, se achegue a Deus, vendo que Ele vive a interceder por nós. Um ladrão moribundo contemplou o resplendor dessa serpente de bronze quando olhou Jesus ao seu lado naquela cruz e isso o salvou! De igual maneira, você e eu podemos olhar e viver, pois “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13:8).
Desfalecida minha cabeça e enfermo meu coração
Ferido, machucado em toda parte
A picada ardente de Satanás ainda sinto
Envenenado com a soberba do Inferno:
Porém quando estou a ponto de morrer
Para cima direciono meus olhos
E vejo Jesus erguido Vivo por Ele, que morreu por mim.
Espero não ter encoberto o tópico com essas figuras. Não desejo fazer isso, entretanto quero mostrá-los claramente. Todos que são realmente culpados, os que são picados pela serpente, o remédio certo para vocês é olhar para Jesus Cristo que levou seus pecados sobre Si mesmo e que morreu no lugar dos pecadores, “se fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co 5:21). Seu único remédio está em Jesus e em nenhum outro lugar. Olhe para Ele e seja salvo!
III. Isso nos traz, em terceiro lugar, a considerar a APLICAÇÃO DO REMÉDIO ou o vínculo entre o homem picado e a serpente de bronze que irá curá-lo. O que era esse vínculo? Era do tipo mais simples que se pode imaginar. A serpente de bronze poderia ser levada, se ordenado por Deus, à tenda da pessoa que estava enferma, mas não era assim. O remédio podia ter sido aplicado por fricção: ele poderia repetir um tipo de oração ou então ter um pastor para fazer a cerimônia. Mas não tinha nada disso. Era somente olhar!
Era bom que a cura fosse tão simples quanto a freqüência das serpentes naquele lugar. Picadas de serpente aconteciam de várias maneiras. Um homem poderia estar recolhendo gravetos ou simplesmente andando e ser mordido. Até hoje serpentes são um perigo no deserto. O senhor Sibree diz que em uma ocasião ele viu o que parecia ser uma pedra redonda, lindamente decorada. Ele estendeu sua mão para pegá-la, quando, para seu horror, ele descobriu que era uma serpente viva que estava enrolada!
Durante todo dia, quando as serpentes eram enviadas a eles, os israelitas deveriam estar em perigo. Em suas camas, sua comida, em suas casas e quando saíam dela estavam em perigo. Essas serpentes são chamadas por Isaías de “serpentes voadoras, não porque voem, mas porque elas se contraem e, de repente, saltam e alcançam uma altura considerável e um homem pode ser surpreendido e atacado em sua perna mesmo estando ‘longe’ desses répteis malignos. O que o homem faria? Ele não podia fazer nada a não ser ficar do lado de fora de sua tenda e olhar para o lugar que resplandecia à distância o brilho da serpente de bronze! E, no momento em que olhasse para ela, ele estaria curado! Não havia nada a fazer a não ser olhar! Não era preciso um pastor, nenhuma água santa, nenhum abracadabra, nenhum livro de receitas. Nada, a não ser olhar!
Um bispo da igreja romana disse para um dos primeiros reformadores, quando pregaram a salvação pela fé: “Oh, doutor! Abra essa lacuna para as pessoas e estaremos arruinados!” E, realmente, estão arruinados, pois o negócio e o comércio de indulgências acabam quando confiamos em Jesus e vivemos.
Pois é assim. Creia n’Ele, você que é pecador – pois este é o significado espiritual de ‘olhar’- e seus pecados serão perdoados! E ainda mais: seu poder mortal cessa de operar em seu espírito. Há vida quando olhamos para Jesus! Acaso isso não é suficientemente simples?
Mas, por favor, note o quão pessoal isso era. Um homem não podia ser curado por qualquer coisa que alguém fizesse por ele. Se fosse mordido por uma serpente e se recusasse a olhar para a serpente de bronze e tivesse ido para sua cama, nenhum médico poderia ajudá-lo. Uma mãe piedosa se ajoelharia e oraria por ele, mas isso não traria nenhum efeito. Irmãs poderiam vir e clamar; ministros seriam chamados para orar para que o homem pudesse viver, mas ele morreria apesar das orações se não olhasse para a serpente de bronze.
Não havia outra saída para sua vida- ele teria que olhar para ela! É o mesmo com sua vida. Alguns de vocês me escreveram, implorando para que orasse por seus pedidos. Assim eu fiz, mas isso não significa nada, ao menos que você, por você mesmo, acredite em Jesus Cristo. Não há no Céu, nem debaixo dele, nenhuma esperança para nenhum de vocês, a não ser acreditar em Jesus Cristo!
Quem quer que você seja, por mais picado pela serpente que esteja e por perto que esteja da morte, se você olhar para o seu Salvador, você viverá! Entretanto, se você não o fizer será condenado, tão certo como vives. No último Grande Dia, eu devo dar testemunho contra você, pois te alertei direta e claramente: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:16). Não há outra ajuda para isso. Podes fazer o que quiseres: juntar-se à igreja que te agrade, tomar a Santa Ceia do Senhor, ser batizado, aplicar-se severas penitências, dar todos os seus bens aos pobres.. Mas você estará perdido se não olhar para Jesus. Não há nada em Sua morte que te salve; não há nada em Sua vida que te salve, ao menos que confie n’Ele. É assim: você deve olhar- e olhar por si mesmo.
E logo, de novo, é muito instrutivo. O que significa esse olhar? Significa: auto-ajuda deve ser abandonada e deve-se confiar em Deus! O homem ferido diz: “Não devo sentar-me aqui para olhar minha ferida, pois isso não me salvará. Vê onde a serpente me picou? O sangue está escorrendo, preto com o veneno! Como isso queima e incha! Minhas pulsações estão falhando. Mas todas essas reflexões não me aliviarão. Devo olhar logo ali, a serpente de bronze que foi levantada. É perda de tempo olhar para o que não é o remédio que Deus ordenou.
Os israelitas devem ter compreendido: Deus requer que confiemos n’Ele e que usemos Seus meios de salvação. Devemos fazer exatamente como nos ordena e confiar que Ele trará nossa cura- e se não queremos fazer isso, morreremos eternamente.
Esse meio de cura tinha a intenção de magnificarem o amor de Deus e atribuírem sua cura inteiramente à Sua Divina Graça. A serpente de bronze não era uma simples figura, como já mostrei a vocês, em que é mostrado Deus quitando o pecado do mundo ao aplicar Sua ira em Seu Filho, mas uma demonstração do amor divino. E isso sei, pois o próprio Jesus disse: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado. (…)Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jo 3:14,16), mostrando claramente que a morte de Jesus na cruz foi uma demonstração de amor aos homens e qualquer que olhe para essa exibição do profundo amor de Deus, ou seja, Sua entrega de Seu filho unigênito para virar maldição por nós, viverá.
Agora, quando um homem era sarado por olhar a serpente, não podia dizer que fora curado por si mesmo, pois ele somente olhava, e não havia poder numa olhada. Um cristão nunca reclama honra ou crédito em razão de sua fé. Onde está o glorioso crédito simplesmente crer na Verdade e humildemente confiar em Cristo para que te salve? A fé glorifica a Deus, e, assim, nosso Senhor escolheu isso como instrumento da nossa salvação.
Se um pregador viesse e tocasse o homem picado, ele poderia atribuir alguma honra a esse sacerdote. Mas como não havia nenhum sacerdote no caso, e não havia nenhuma exceção a não ser olhar para serpente, o homem chegava à conclusão que o poder e amor de Deus o haviam curado.
Não sou salvo por nada que tenha feito, mas o que o Senhor fez. Deus quer que cheguemos a essa conclusão: se somos salvos, é por Sua livre, rica, soberana e imerecida Graça, demonstrada na pessoa de Cristo.
IV. Permita-me um momento para o quarto tópico, que é a CURA EFETUADA. O texto nos fala “picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia” (Nm 21:9), o que é dizer que a pessoa era curada de uma vez. Não tinha que esperar cinco minutos ou cinco segundos.
Querido leitor, você já ouviu isso alguma vez? Se não, eu poderia assustar você, mas é a verdade. Se você viveu no mais profundo pecado possível até esse momento, se agora somente crer em Jesus será salvo antes que o relógio sinalize outra hora. É rápido como um relâmpago! Perdão não é um trabalho de tempo.
Santificação requer uma vida, justificação não passa desse momento. Você crê, você vive! Você confia em Cristo, seus pecados são apagados! Você é um homem salvo no momento que crê! “Oh”, diz alguém, “isso é uma maravilha”. E isso é uma maravilha e será eternamente. Os milagres de nosso Senhor, quando estava na terra, eram instantâneos na maior parte das vezes. Ele os tocava e os que tinham febre podiam levantar-se e ministrar a Ele. Nenhum médico pode curar dessa maneira, pois há uma debilidade resultante dela depois que o calor passa. Jesus opera curas perfeitas e quem crer n’Ele, ainda que tenha crido um minuto, é justificado de todos os seus pecados. Oh, a inigualável Graça de Deus!
Esse remédio salvava uma e outra vez. Muito possivelmente, após um homem ser curado, ele voltava para seu trabalho e era atacado por uma segunda serpente, já que havia muitas delas naquele lugar. O que ele poderia fazer? Olhar outra vez! E se ferido mil vezes, teria que olhar mil vezes.
Você, amado filho de Deus, se você tem pecado em sua consciência, volte-se pra Jesus. O caminho mais saudável de viver onde as serpentes abundam, é nunca tirar seus olhos da serpente de bronze. Ah, vocês, víboras, podem morder se quiserem, enquanto meus olhos estiverem na serpente de bronze, eu desprezo suas presas e seu veneno, pois tenho um remédio que trabalha continuamente em mim! Tentação é vencida pelo sangue de Jesus! “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.” (I Jo 5:4).
Essa cura era de eficácia universal para todos que a usavam. Não havia nenhum caso, em todo o acampamento, em que um homem olhava para a serpente de bronze e morria. E não haverá nenhum caso em que um homem olhe para Jesus e permaneça condenado! Quem crer será salvo. Algumas pessoas tinham que olhar a uma longa distância- a haste podia não estar eqüidistante de todo mundo, mas enquanto pudessem vê-la, isso curaria tanto quem estava longe, como quem estava perto. Tão pouco importava se seus olhos eram defeituosos. Nem todos tinham uma visão perfeita. Alguns poderiam ser estrábicos, outros poderiam ter a visão escurecida ou então apenas um olho: mas se eles somente olhassem, viveriam! Talvez o homem mal pudesse distinguir a forma da serpente quando olhava para ela e dizia: “oh, não posso ver as curvas da serpente, mas posso ver seu brilho”. E ele vivia!
Oh, pobre alma, se não pode ver Cristo e Suas maravilhas, nem toda a riqueza de sua Graça. Porém se pode ver que se tornou pecado por nós, viverá! Se você diz: “Senhor, eu creio. Ajuda-me com minha incredulidade”, sua fé te salvará! Uma ‘pequena’ fé te dará um grande Cristo e você encontrará vida eterna n’Ele.
Dessa forma, procurei descrever a cura. Oh, que o Senhor queira operar essa cura em cada pecador aqui nesse momento. Oro para que Ele o faça! Era um pensamento agradável que se eles olhassem para a serpente de bronze, debaixo de qualquer luz, viveriam. Muitos olhavam à luz do meio dia, viam todos os detalhes e viviam. Porém não me surpreenderia se alguns fossem picados à noite e, sob a luz da lua, se achegassem à serpente, vivessem. Talvez fosse uma noite escura e tempestuosa e nenhuma estrela era visível. A tempestade explodia lá no alto e da escura nuvem se via um relâmpago partindo as rochas. Pelo esplendor dessa súbita luz, a pessoa viu a serpente de bronze, e mesmo tendo-a visto por um segundo, passou a viver. De igual maneira, pecador, se sua alma está envolta na tempestade e se da nuvem se desprende somente um raio de luz, olhe para Jesus com a ajuda desse raio e viva!
V. Concluo com essa última parte – aqui há UMA LIÇÃO PARA QUEM AMA A SEU SENHOR. O que devemos fazer? Devemos imitar Moisés, cuja responsabilidade foi erguer uma serpente de bronze sobre uma haste. É seu compromisso e meu também, que levantemos o Evangelho de Cristo para que todos possam vê-lo! Tudo que Moisés teve que fazer foi levantar a serpente à vista de todos. Ele não disse: “Arão, traga seu incensório e também muitos sacerdotes e formem uma nuvem de perfume”. Tão pouco disse: “Eu mesmo irei, com minhas roupas de quem escreveu as leis, e ficarei lá”. Não, Moisés não tinha nada que fosse pomposo ou cerimonial. Ele só tinha que exibir a serpente de bronze, deixando desnuda e à vista de todos. Ele não disse: “Arão, traga uma roupa de ouro, envolva a serpente em azul e carmesim e em linho fino. Um ato assim seria totalmente contrário às ordens. Ele devia manter a serpente descoberta. Seu poder estava em si mesma, não em que a envolvia. O Senhor não mandou pintar a haste ou decorá-la com as cores do arco-íris. Oh, não. Qualquer haste serviria.
As pessoas que estavam à beira da morte, não precisavam ver a haste- necessitavam unicamente contemplar a serpente. Arrisco-me a dizer que ele fez uma haste nítida, pois a obra de Deus deve ser feita decentemente, mas ainda assim, a serpente era o objeto que devia ser olhado.
Isso é o que devemos fazer com nosso Senhor. Temos que pregá-lo, ensiná-lo e fazê-lo visível a todos os olhos! Não devemos escondê-lo em nossas tentativas de mostrar conhecimento e eloqüência. Temos que parar com essa ‘faca de dois gumes’ que é a eloqüência e essas coisas de azul e carmesim na forma de grandiosas sentenças e períodos poéticos. Tudo deve ser feito de maneira que Jesus apareça e nada pode escondê-lo.
Moisés deve ter ido para sua casa dormir quando a serpente foi erguida. O que importava era que a serpente de bronze estivesse visível tanto de dia, como de noite. O pregador deve se esconder, de forma que ninguém saiba quem ele é, quando pregar a Cristo – não se deve ficar no meio do caminho.
Agora vocês professores: ensine Jesus às suas crianças. Mostre a eles Cristo crucificado. Mantenham Cristo adiante deles. Vocês que são jovens e tentam pregar, não façam isso grandiosamente. A verdadeira grandeza da pregação consiste em que Cristo Jesus seja mostrado grandiosamente nela. Nenhuma outra grandeza é necessária! Mantenham o ‘eu’ no chão, e ponham Jesus no meio do povo, evidentemente crucificado entre eles. Ninguém além de Jesus, ninguém além de Jesus! Deixe-o ser a suma e a substância de seu ensinamento.
Alguns de vocês olharam para a serpente de bronze, eu sei, e foram curados. Mas o que você tem feito com ela desde então? Não deram um passo à frente para confessarem a Jesus e nem procuraram uma igreja para se juntarem. Não falaram com ninguém sobre sua alma. Colocam a serpente de bronze em um baú e a escondem. Isso é certo? Tirem-na de lá e a ponham em um lugar alto onde todos a possam ver! Publiquem Cristo e a Salvação! A intenção não é que Ele seja tratado como uma curiosidade no museu. A intenção é que ele seja posto nas calçadas para os que forem mordidos possam olhar para Ele.
“Ah, mas eu não tenho um local apropriado para isso”, alguém diz. O melhor lugar para se colocar Jesus é aquele que todos possam ver de longe. Exalte Jesus! Bendiga Seu nome. Quanto mais você louvar o nome do Senhor, quanto mais alto levantar Seu nome, melhor! Ergam a Cristo!
“Ah, mas eu não tenho um estandarte largo!”, diz um. Então o erga com o que tens, pois há pessoas de baixa estatura que poderiam vê-lo através de você. Creio que já falei a vocês sobre um quadro que vi da serpente de bronze. Quero que os professores da escola dominical escutem isso. O artista representou todo tipo de pessoa se juntando ao redor da haste e quando olhavam as horríveis serpentes se desprendiam e viviam! Havia tamanha multidão perto dela que uma não podia nem se aproximar. Ela carregava um bebezinho, que havia sido picado. Você podia ver as marcas azuis do veneno. Como não podia se aproximar, essa mãe o levantou bem alto e virou sua cabecinha na direção que pudesse olhar a serpente de bronze e viver.
Façam isso com suas crianças, professores da escola dominical! Mesmo eles sendo muito novos ainda, orem para que eles possam ver Jesus e viver, pois não há idade estabelecida para isso. Anciãos mordidos pela serpente venham cambaleando sobre suas muletas. “Tenho 80 anos”, diz um, “mas eu olhei para a serpente de bronze e fui curado!”. Crianças eram trazidas por suas mães, ainda quando não sabiam falar direito, gritavam com sua linguagem infantil: “eu olho para a grande serpente de bronze e ela me abençoa”.
Todos ou níveis, sexos, personalidades e toda disposição olhavam e viviam! Quem vai olhar para Jesus nessa hora maravilhosa? Oh, queridas almas, querem ter vida ou não? Desprezarão Cristo e morrerão? Se for assim, seu sangue está em suas próprias mãos! Eu disse a vocês o Caminho de Deus para salvação! Agarre-se a isso. Olhe para Jesus imediatamente. Que o Espírito te conduza gentilmente a isso. Amém.
FONTE
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público e com permissão

Sermão nº 1500—Volume 25 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,
Original em inglês : NUMBER 1500—OR, “LIFTING UP THE BRONZE SERPENT:
Tradução: Isabela Carolina

terça-feira, 29 de maio de 2012

Como Podemos não Amá-lo?


                             Como Podemos não Amá-lo? - 


- O SENHOR olha dos céus; vê todos os filhos dos homens. (Sl 33.13) -

Talvez nenhuma outra figura de linguagem retrate a Deus de maneira tão brilhante quanto a figura que O apresenta descendo do seu trono, vindo do céu para atender às necessidades e contemplar os problemas da humanidade. Amamos Aquele que, ao ver as cidades de Sodoma e Gomorra repletas de iniqüidade, não as destruiria até que lhes fizesse uma visita pessoal. Não podemos deixar de derramar nosso coração em afeição por nosso Senhor, que da mais sublime glória inclina o seu ouvido, e o coloca bem próximo dos lábios do pecador moribundo cujo coração debilitado anela por reconciliação.

Como podemos não amá-Lo, quando sabemos que Ele conta até o número de nossos cabelos, marca o nosso caminho e ordena os nossos passos? Esta grande verdade é colocada bem perto de nosso coração, ao recordarmos quão atencioso é o Senhor, não somente para com os interesses temporais de suas criaturas, mas também para com as necessidades espirituais delas.

Embora haja uma grande distância entre a criatura finita e o Criador infinito, existem laços que unem a ambos. Quando você chora, Deus está consciente disso. "Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem" (Salmos 103.13). O seu suspiro é capaz de mover o coração de Jeová. Seu murmúrio pode inclinar os ouvidos dEle até você. Sua oração pode deter a mão dEle e sua fé pode mover-Lhe o braço. Não pense que Deus está assentado nas alturas ignorando tudo o que acontece com você. Lembre que mesmo pobre e necessitado como você é, o Senhor pensa em você. Os olhos dEle passam por todos os lugares da terra, para que se mostre forte em benefício daqueles que têm um coração perfeito para com Ele (ver 2 Crônicas 16.9).

Se você ama realmente o seu Salvador e deseja honrá-Lo, deteste o mal. Não conhecemos outra cura para um cristão que ama o mal, do que a comunhão abundante com o Senhor Jesus. Se você gasta bastante tempo com Jesus, não pode ficar em paz com o pecado.
                                                                                            LucioFialgo

"Preciso realizar a obra daquele que me enviou."






"Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar" 

(João 9.4).



É a obra de Deus que estamos conclamados a fazer. Olhemos, de novo, o texto. "Preciso realizar a obra daquele que me enviou." Não posso descobrir, no mundo inteiro, maior motivo para a diligência do que este: que a obra que preciso realizar é obra de Deus. Há o caso de Sansão - a força que se acha em Sansão não é dele mesmo, é a força de Deus. Seria este, portanto, um motivo para Sansão ficar deitado inativo, na ociosidade? Pelo contrário, é o sonido poderoso da trombeta que inspira entusiasmo no herói para que ele lute pelo povo de Deus. Se a força de Sansão não é meramente a dos tendões e dos músculos, mas a força que o Onipotente lhe deu, levante-se, Sansão, e que os filisteus sejam derrotados! O quê! Você ousa dormir, tendo o Espírito de Deus sobre você? Levante-se, homem! Se você fosse um israelita comum, ficar dormindo seria traição contra a pátria, mas quando Deus está em você e com você, como pode ficar ocioso? Não, exerça o seu poder e derrote os seus inimigos!


Quando Paulo estava em Corinto, e Deus operou milagres incomuns pelas mãos dele, de modo que lenços do seu uso pessoal curassem os enfermos, seria este um motivo para ele se recolher a um lugar retirado e quieto e nada fazer? Ao contrário, esses milagres devem ser um argumento poderoso para Paulo ir de casa em casa, colocar as mãos em todas as pessoas que estiverem por perto e curar os enfermos. Assim é com você, meu irmão - você tem o poder de realizar milagres. A proclamação do evangelho, acompanhada pelo Espírito de Deus, opera milagres morais e espirituais. Por causa da sua capacidade de operar esses milagres, você deve dizer: "Deus vai realizar a sua própria obra"? Pelo contrário, homem, mas vá para a esquerda e para a direita, a todo tempo e em todos os lugares, e proclame a história que salva almas, e que Deus o favoreça! Justamente porque Deus opera através de você é que você deve se dedicar ao trabalho.


Mesmo um barco pequeno, ao ficar inativo no porto, é uma perda para o seu dono; mas para um grande transatlântico a vapor, com muitas centenas de cavalos-vapor, é intolerável que fique desocupado. Quanto maior a potência disponível, tanto maior deve ser a nossa urgência em aproveitá-la. O poder de Deus que em nós habita é colocado em ação como resposta à fé e à oração, e não vamos nos esforçar para obtê-lo? O fato de ser a obra da igreja a obra de Deus, mais do que a dela, não é motivo para ela se permitir a preguiça. Se ela possuísse somente as suas próprias forças, ela poderia esbanjá-las com menos culpa criminosa; mas estando revestida com a força de Deus, ela não ousa ser retardatária. A mensagem de Deus para ela nesta manhã é: "Desperte! Desperte, ó Sião! Vista-se de força. Vista suas roupas de esplendor, ó Jerusalém, cidade santa" (Is 52.1). Queira Deus que essa mensagem penetre em todo coração, de modo que cada um entre nós se ponha de pé, pois Deus está no nosso meio.

                                               LucioFidalgo

terça-feira, 22 de maio de 2012

Quando Uma “Autoridade” Se Desvia Da Verdade





                        Quando Uma “Autoridade” Se Desvia Da Verdade
                                                     2 Part
Às vezes o Senhor soberanamente permite distúrbios nas igrejas e entre elas. Esses distúrbios servem para purificar as igrejas e manifestar aqueles que são aprovados.
1Co  11:19 – Porque até mesmo importa que haja partidos entre  vós, para que também  os  aprovados  se  tornem conhecidos em vosso meio.
 Durante a desolação da igreja , os diferentes tipos de confusão, erros e corrupção funcionaram como um meio de manifestar aqueles que eram aprovados por Deus. Quem passar pelos testes e for aprovado por Deus será manifestados mediante a desolação.
Deus não deseja a  desolação, mas em Suas mãos isso funciona para manifestar aqueles que passam pelos testes. Sem desolação, confusão, erros, corrupção e trevas não serão capazes de ver a condição individual de cada um.
Em nossa história, esses distúrbios têm sido causados frequentemente por aqueles quem têm alguma proeminência na obra. Isso não deve nos deixar surpresos. Lembre-se dos 250 que seguiram a Coré, eram  “príncipes da congregação” (Nm 16:2). O que então devemos fazer quando aqueles que parecem autoridades desviam-se da verdade?
                                            Dois Princípios de Equilíbrio
Quando uma pessoa que parece ser uma autoridade se desvia da verdade, devemos observar dois princípios de equilíbrio:
. Não podemos seguir aqueles que se desviam da verdade.
. Não devemos insultar os homens.

                NÃO PODEMOS SEGUIR OS QUE SE DESVIAM DA VERDADE
Primeiro, precisamos ter muita clareza sobre o fato que quando um líder viola uma verdade essencial, seja no ensinamento ou na prática, não podemos segui-lo. Se o caminho que o líder está trilhando conduz a divisão do Corpo de Cristo ou da posição adequada de uma igreja local, não podemos segui-lo. Em alguns casos, a afirmação de autoridade compromete a posição de uma igreja local, fazendo-a, em vez disso uma SEITA LOCAL. Isso porque as reivindicações de autoridade por parte do líder se tornam a base para receber crentes na comunhão. Além disso, se uma igreja se retrai da comunhão comum de todas as igrejas locais no Corpo de Cristo, ela não mais é uma igreja local, mas uma SEITA LOCAL.
Alguns têm a atitude de que a igreja local é independente e autônoma e não deve sofrer interferências. Isso é localismo.  Uma igreja local independente é na verdade uma SEITA LOCAL.
As igrejas locais devem ter comunhão com todas a igrejas locais autênticas em toda a terra  a fim de preservar a comunhão do Corpo de Cristo. Qualquer igreja local que não preserve essa comunhão universal do Corpo de Cristo. Qualquer igreja que não preservar a comunhão universal do Corpo de Cristo é divisava e se torna uma facção local. Algumas assim chamadas igrejas não são autênticas e se tornam divisões; nós não precisamos ter comunhão com essas “igrejas”. Quando as pessoas dizem: “Não nos incomodem  -  somos a igreja nesta cidade”, à vista de Deus, eles são uma seita local, não uma igreja local.
A Bíblia já decretou todas as instituições da igreja de uma forma clara. Não devemos jamais ter qualquer decreto, sejam credos, constituições, comercio, regras organizações ou estatutos fora da Bíblia, não importa quão bíblicos eles pareçam ser. Nós nos tornaremos imediatamente SEITA.


                                                             LucioFidalgo


Discernir Autoridade Espiritual

     

                              Discernir Autoridade Espiritual
                                                                  1Parte

Se quisermos seguir o Senhor segundo a visão celestial, precisamos ser capazes de discernir que pessoas representam Deus em sua pessoa e em seu exército  de autoridade. Isso requer que compreendamos:
.  A natureza da autoridade espiritual;
.  Os sinais da ausência  de autoridade e do  exercício inadequado da autoridade;
.  Manifestação de autoridade de rebelião; e
.  Como a autoridade espiritual pode ser perdida.

                                          A NATUREZA DA AUTORIDADE ESPIRITUAL
Para compreender a natureza da autoridade espiritual, precisamos compreender os quatro princípios seguintes:
.A fonte da autoridade é a vida de ressureição de Cristo;
.A base da autoridade é a revelação;e
O resultado da autoridade é alegria e o “florescer”.
Que é autoridade ?Superficialmente falando, autoridade está baseada numa posição.  Quem tiver  posição terá autoridade. Segundo a Bíblia, essa também parece ser o caso, mas na verdade não é bem assim.  A autoridade não é principalmente uma questão de posição, mas uma questão de VIDA.Quando o povo de Israel viu o bordão que floresceu de Arão, eles reconheceram sua autoridade. Sem a vida de ressureição, a autoridade é inutil. A autoridade na igreja não é principalmente uma questão de posição, mas de vida.  (Você não se torna uma autoridade mediante uma eleição de outros e ninguém pode reivindicar autoridade baseada somente em sua posição na Igreja. A manifestação da autoridade em vida é ressureição). Todo aquele que é autoridade deve conhecer isso; não há como se enganar. Não pode haver confusão quanto à autoridade. A autoridade vem de DEUS e não de nós.  Somos apenas aqueles que mantêm  a custódia da autoridade.   Somente aqueles que viram isso estão qualificados para ser autoridade. Tão  logo você ofenda  o princípio da ressureição , você perde a autoridade; e tão logo tente exibir sua autoridade, você instantaneamente a perde. Um bordão ressequido não pode exibir nada exceto morte, mas quando você tem ressureição tem autoridade, porque ela existe junto com a ressureição, não com a vida natural.  Tudo que temos é natural.  Daí a autoridade não repousar em nós,  mas no SENHOR.
                              “ O bordão do homem que eu escolher esse florescerá.” (Nm 17:5a).

                                                                      LucioFidalgo

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Os Seis Testes de Uma Igreja Genuína


1. SEM NOME PARTICULAR

Uma divisão é chamada de denominação porque foi denominada por um nome especial. Assim, o primeiro fator de uma denominação é um nome especial. Nem o sol nem a lua tem um nome particular. O sol é sol e a lua é lua. Jamais ouvi que alguém tenha dado um nome ao sol ou à lua. Tampouco os dois precisam de um nome. Onde quer que eu esteja: Estados Unidos, na Europa ou no Extremo Oriente, a lua é a lua e o sol é o sol. No máximo posso falar da lua em Sidney, a lua em Paris ou a lua em Recife. Dar um nome especial a certo grupo de cristão é constituí-los numa facção, numa denominação. Isso os torna uma facção denominada, uma facção divisiva com um nome particular.

Qualquer grupo cristão que tenho um nome particular é uma divisão, uma seita. Não deveríamos ter qualquer outro nome além do nome do Senhor Jesus. Cremos em Seu nome e fomos batizados para dentro do Seu nome agora estamos nos reunindo em Seu nome. Jamais pense que a questão do nome seja algo insignificante. Tenho de usar meu nome em tudo o que faço. Usar um outro nome é ser enganador. Jamais pense que não faz diferença você chamar a si mesmo de Almeida ou Mendonça. O nome é Witness Lee. Você não pode chamar-me de sr. Almeida. O nome significa tudo. Se uma herança me fosse aquinhoada em meu nome, Witness Lee, mas eu chamo a mim mesmo de sr. Almeida, perderia o direito de reivindicar e desfrutar essa herança.

Nunca negligencie essa questão do nome. Tomar qualquer outro nome além do nome do Senhor Jesus é uma forma de fornicação espiritual. Quão errado seria minha esposa, sra. Witness Lee, sair com o nome de outro homem! Uma mulher casada tomar um outro nome é fornicação. Jamais pense que essa questão é insignificante. O Senhor Jesus louvou a igreja em Filadélfia porque eles não negaram o Seu nome (Ap.3: 8). Se honramos o Senhor e sinceramente queremos levá-Lo a sério, com certeza renunciaremos a qualquer outro nome afora o nome do Senhor Jesus. Fomos batizados para dentro do nome do Senhor Jesus. Ao se dirigir aos contenciosos na igreja em Corinto, Paulo disse: "Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós, ou fostes porventura, batizados em nome de Paulo?" (1 Co 1:12-13). Paulo aqui parecia estar dizendo: "Por que vocês dizem que são de Paulo? Jamais poderiam dizer isso. Vocês não foram batizados para dentro do meu nome - foram batizados para dentro do nome do Senhor Jesus Cristo. Vocês não devem estar sob qualquer outro nome."

2. NENHUMA COMUNHÃO PARTICULAR


Fomos batizados para dentro do único nome, o nome acima de todo nome e também fomos chamados para dentro da comunhão do Filho de Deus (1 Co 1:9). Essa comunhão do Senhor Jesus tornou-se a comunhão dos apóstolos (At 2:42). Em 1 João 1:3 diz-se: "O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo." O "nós" e "conosco" mencionados nesse versículo referem-se aos apóstolos. O apóstolo João parecia estar dizendo: "Nós, os apóstolos, proclamamos a vocês a vida divida. Nessa vida vocês podem ter comunhão conosco, e nossa comunhão é com o Pai e com o Filho". Essa comunhão é também chamada de participação. O significado é o mesmo. Seja qual for o termo que usemos, há algo chamado comunhão, a participação comum em Cristo, o qual é comum a todos os crentes NEle. Quem quer que tenha crido para dentro Dele está agora na comunhão do nosso maravilhoso Senhor. Essa comunhão é comum a você, a mim e a todo regenerado. Entretanto, muitos cristãos não têm essa comunhão única. Antes, eles têm uma assim chamada comunhão diferente, especial. Toda comunhão especial constitui-se numa divisão. Alguns cristãos podem não ter um nome denominacional, isto é, podem não ter um nome para o seu grupo, mas têm uma comunhão particular. A comunhão deles não é tão ampla quanto a comunhão comum do Filho de Deus. Pelo contrário, ela é restrita e particular.

3. NENHUM ENSINAMENTO PARTICULAR



Alguns grupos não têm um nome, mas têm um ensinamento particular que gera uma comunhão particular. Por exemplo, alguns grupos crêem que todos os santos serão arrebatados antes da grande tribulação. Qualquer pessoa que não apóie esse conceito deve arrepender-se de sua própria doutrina antes de poder ter comunhão com esse grupo. Por intermédio de tudo isso vemos que aquele grupo, insistindo na crença do arrebatamento pré-tribulação, não tem somente a fé comum (Tt 1:4). Além da fé comum, eles se apegam à crença do arrebatamento pré-tribulação. Esse ensinamento particular gera uma comunhão particular e essa comunhão particular se constitui numa divisão.

Até aqui, vimos três causas de divisão: um nome particular, uma comunhão particular e um ensinamento particular. Apenas um desses itens é suficiente para fazer de um grupo uma divisão. Uma vez que você tem um nome particular, ou uma comunhão particular, ou um ensinamento particular, você é uma divisão.

4. COMUNHÃO UNIVERSAL, NÃO COMUNHÃO ISOLADA


Pode haver alguns grupos cristãos que proclamem não ter nome, comunhão ou ensinamento particulares. Declaram que odeiam qualquer outro nome além do nome do Senhor Jesus e que não se apegam a qualquer comunhão ou ensinamento particulares. Antes, recebem todos os tipos de cristãos genuínos. Se for esse o caso, então precisamos verificar três outras coisas, nenhuma das quais é simples. Primeiro, precisamos ver que tipo de comunhão eles têm. Embora possam não ter um comunhão particular, a comunhão deles pode ser isolada, não universal. Embora recebam todos os verdadeiros cristãos, não têm comunhão com qualquer outra igreja. A comunhão deles é muito limitada e isolada em sua própria esfera. Não é universal ou mesmo totalmente local. Isso faz deles uma facção. Tal grupo não é a igreja naquela cidade - é uma facção local. Essa questão é muito delicada e poucos são capazes de percebê-la. É fácil ver que aqueles com um nome, uma comunhão ou um ensinamento particulares são facções. É, porém, difícil ver que um grupo sem essas coisas ainda possa ser uma facção se a sua comunhão for isolada. Embora tal grupo proclame ser a igreja em sua cidade, ele é na verdade uma facção local.

5. Nenhuma administração separada



Pode haver um grupo que não tenha nome, ensinamento ou comunhão particular, e cuja comunhão não seja isolada. Entretanto, eles podem insistir em ter uma administração separada, em presbitério separado. Esse presbitério separado faz deles uma divisão. Não importa quantos crentes possa haver numa certa igreja, a igreja naquela cidade tem de estar sob um único presbitério com uma única administração. A cidade de Manaus tem um único prefeito e uma única prefeitura. A cidade de São Paulo, porém, que é muitíssimo maior que Manaus, ainda tem somente um prefeito e uma prefeitura. Se a cidade de São Paulo tivesse mais de um prefeito, isso seria um sinal de que a cidade foi dividida. Embora houvesse dezenas de milhares de crentes em Jerusalém (At 21:20) e eles se reunissem em muitas casas, havia somente um grupo de presbíteros. Ainda havia apenas um presbitério, uma única administração.

Suponha que haja nesta cidade um grupo de cristãos cuja prática lembre a nossa. Eles não têm nome, comunhão ou ensinamento particulares, e sua comunhão é aberta a todos, a toda a igreja no mundo inteiro. Todavia, eles insistem em manter um presbitério separado com uma administração separada. Porquanto aquela administração separada é uma causa de divisão, esse grupo também é uma facção. Se houver duas administrações numa cidade, então poderá haver duas "igrejas" na cidade. É como ter dois prefeitos e duas administrações em uma só cidade. Se for esse o caso, então aquela cidade tem de ser dividida. Por intermédio de todos esses pontos podemos ver que não é algo simples conhecer a igreja.

6. A unidade universal e local da igreja



A igreja é uma universalmente e localmente. Há somente uma única igreja. Universalmente, a igreja é uma em existência; localmente, a igreja é uma em manifestação. A igreja no universo é uma e a igreja manifestada numa cidade é também uma. A palavra do Senhor "sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16:18), esta relacionada à igreja universal. Seguindo-se a isso, em Mateus 18 o Senhor falou sobre a manifestação da igreja numa loalidade. Se dois ou três não conseguem resolver eles mesmos um problema, devem dizê-lo à igreja. Essa certamente não é a igreja universal, mas a igreja na cidade onde aqueles crentes vivem. Nos quatro Evangelhos, o Senhor mencionou a igreja duas vezes, uma vez no aspecto universal e outra no aspecto local.

A FIGURA CLARA NA BÍBLIA
No livro de Atos, a igreja não é mencionada segundo o aspecto universal, mas segundo o aspecto local. Atos 8:1 fala da igreja em Jerusalém, não da igreja no universo. Atos 13:1 fala da igreja numa outra localidade, a igreja em Antioquia. Sabemos por Apocalipse 1:11 que havia seta igrejas em sete cidades da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadéfia, e Laodicéia. Igrejas também foram levantadas na Europa. Havia, por exemplo, uma igreja em Corinto (1 Co 1:2). É claramente retratado na Bíblia que a igreja é universalmente uma em sua existência e localmente uma em sua manifestação. Onde quer que a igreja esteja, ela é sempre uma. Embora haja uma única igreja universal, em muitas cidades há a igreja em seu aspecto local, uma igreja em cada cidade.




                                                                                        LucioFidalgo